Radioterapia no Câncer de Próstata de Alto Risco: Como Funciona?
Postado em: 01/05/2025
O câncer de próstata é uma das neoplasias mais comuns entre os homens, especialmente após os 50 anos. Quando diagnosticada a doença de alto risco, o tratamento requer abordagens eficazes. Entre as opções terapêuticas, a Radioterapia é uma das possíveis recomendações.
Este artigo tem como objetivo esclarecer como a radioterapia funciona no contexto do câncer de próstata de alto risco, suas indicações e benefícios. Convido você a continuar a leitura para mais detalhes!
O que é a radioterapia?
A “Radioterapia” utiliza radiações ionizantes para destruir ou inibir o crescimento das células cancerígenas.
No caso do câncer de próstata, a radioterapia pode ser administrada de duas formas principais:
- Radioterapia externa: feixes de radiação são direcionados à próstata a partir de uma máquina externa ao corpo. Este método é frequentemente utilizado para tratar o câncer de próstata localizado ou localmente avançado.
- Braquiterapia (radioterapia interna): no caso da neoplasia de próstata avançada, é usada a braquiterapia em alta taxa de dose para um reforço de dose (ou boost).
Qual o papel da radioterapia no câncer de próstata de alto risco?
A radioterapia tem um papel central no tratamento do câncer de próstata de alto risco, sendo uma das principais modalidades terapêuticas capazes de oferecer controle local da doença e impacto na sobrevida a longo prazo. Em pacientes com tumores classificados como “alto risco“ — geralmente definidos pela presença de PSA elevado (acima de 20 ng/mL), escore de Gleason 8 a 10, ou estádio clínico T3 ou superior — a radioterapia é utilizada de forma definitiva(curativa) e frequentemente combinada à terapia de privação androgênica (ADT).
Essa associação é baseada em evidências robustas que demonstram que a combinação de radioterapia com bloqueio hormonal aumenta significativamente a sobrevida global, a sobrevida livre de progressão bioquímica e reduz a incidência de metástases.
O tratamento radioterápico em tumores de alto risco costuma envolver doses escalonadas de radiação para a próstata (dose escalation), com ou sem tratamento eletivo dos linfonodos pélvicos.
Técnicas modernas como radioterapia de intensidade modulada (IMRT) e radioterapia guiada por imagem (IGRT) são fundamentais para entregar doses altas no tumor, ao mesmo tempo em que protegem tecidos adjacentes como reto e bexiga, reduzindo efeitos colaterais.
Em muitos casos, a braquiterapia de alta taxa de dose (HDR) também pode ser associada como “boost” para aumentar a dose focal na próstata e melhorar o controle local da doença.
Em termos práticos, o paciente de alto risco geralmente recebe:
- Radioterapia externa para a próstata e, em alguns casos, para linfonodos pélvicos.
- Terapia hormonal iniciada antes da radioterapia, mantida durante e continuada após o término do tratamento, geralmente por um período de 18 a 36 meses, dependendo do perfil de risco e tolerância do paciente.
Portanto, no cenário de câncer de próstata de alto risco, a radioterapia moderna, integrada a estratégias sistêmicas, é considerada padrão de excelência e um dos pilares fundamentais para a obtenção de resultados duradouros no controle da doença.
Quais podem ser os benefícios da radioterapia no câncer de próstata de alto risco?
A radioterapia pode oferecer diversos benefícios no manejo do câncer de próstata de alto risco, como o aumento das chances de controle local da doença, impedindo que o tumor avance para estruturas vizinhas ou se dissemine para outros órgãos.
Estudos demonstram que a combinação de radioterapia com terapia de privação androgênica prolongada reduz significativamente o risco de recorrência bioquímica, de metástases e melhora a sobrevida global em comparação com tratamentos isolados.
Além disso, a radioterapia moderna, utilizando técnicas como a intensidade modulada (IMRT) e a radioterapia guiada por imagem (IGRT), permite a entrega precisa de altas doses de radiação na próstata e, quando indicado, também nos linfonodos pélvicos, com menor dano aos tecidos saudáveis, como reto e bexiga.
Outro benefício importante é que a radioterapia oferece uma alternativa eficaz à cirurgia e em determinados casos, estratégias que combinam radioterapia externa com braquiterapia de alta taxa de dose podem potencializar ainda mais o controle da doença.
Assim, a radioterapia representa uma opção terapêutica segura, eficaz e bem consolidada para homens com câncer de próstata de alto risco, contribuindo para prolongar a vida e preservar a qualidade funcional sempre que possível.
Quais os possíveis efeitos colaterais da radioterapia para câncer de próstata de alto risco?
A radioterapia para câncer de próstata avançado pode apresentar efeitos colaterais que variam de acordo com a área irradiada, a dose total administrada, as técnicas utilizadas e as características individuais de cada paciente.
Durante o tratamento e nos meses seguintes, os efeitos mais comuns envolvem o trato urinário e o sistema gastrointestinal. Entre os sintomas urinários, podem ocorrer aumento da frequência urinária, urgência para urinar, sensação de ardência ao urinar e, menos frequentemente, dificuldade para esvaziar completamente a bexiga.
No sistema gastrointestinal, os pacientes podem apresentar episódios de diarreia leve, desconforto abdominal, urgência evacuatória e, ocasionalmente, pequenos sangramentos retais relacionados à irritação da mucosa.
A fadiga é outro efeito colateral frequente, muitas vezes descrita como sensação de cansaço persistente, que pode durar semanas ou meses após o término da radioterapia.
Em um horizonte mais longo, alguns pacientes podem desenvolver efeitos tardios, como alterações urinárias crônicas, proctite actínica (inflamação do reto por radiação) e disfunção erétil progressiva relacionada a danos nos vasos sanguíneos envolvidos na função sexual.
O uso de técnicas modernas de radioterapia, como a radioterapia de intensidade modulada (IMRT) e a radioterapia guiada por imagem (IGRT), permite minimizar a exposição dos tecidos sadios e, consequentemente, reduzir a frequência e a intensidade desses efeitos colaterais.
Em geral, a maioria dos efeitos adversos pode ser controlada com medidas de suporte, acompanhamento multidisciplinar e intervenções específicas quando necessário, garantindo que o tratamento seja seguro e bem tolerado pela maioria dos pacientes.
É fundamental discutir com a equipe médica sobre os possíveis efeitos colaterais e as estratégias para minimizá-los.
A Dra. Maria Thereza é tecnicamente e humanamente preparada para manejar estes sintomas da melhor forma possível.
Quais os avanços tecnológicos em radioterapia?
Os avanços tecnológicos têm aprimorado a precisão e a eficácia da radioterapia. São exemplos:
- Radioterapia de intensidade modulada (IMRT/VMAT): permite moldar os feixes de radiação ao formato tridimensional do tumor, poupando tecidos saudáveis adjacentes e permitindo a administração de doses mais altas na área-alvo com menor toxicidade.
- Radioterapia estereotáxica ablativa corpórea (SBRT): administra altas doses de radiação em poucas sessões, com precisão milimétrica, sendo uma opção em casos selecionados para tratamento do tumor primário ou metástases.
- Radioterapia guiada por imagem (IGRT): também revolucionou o tratamento, utilizando imagens obtidas imediatamente antes ou durante cada sessão para ajustar o posicionamento do paciente e compensar variações diárias, aumentando ainda mais a precisão.
- Braquiterapia: tanto de baixa quanto de alta taxa de dose, também representa um avanço, permitindo uma entrega interna de radiação extremamente precisa
Em paralelo, o desenvolvimento de algoritmos avançados de planejamento, inteligência artificial e técnicas adaptativas em tempo real está moldando o futuro da radioterapia, oferecendo tratamentos cada vez mais personalizados, eficientes e com menor risco de efeitos colaterais. Esses avanços juntos ampliam as possibilidades de cura, melhoram o controle da doença e contribuem para uma melhor qualidade de vida dos pacientes oncológicos.
A radioterapia pode desempenhar diferentes papéis quando indicada no tratamento do câncer de próstata avançado, seja como terapia isolada ou combinada. A decisão sobre sua indicação deve ser individualizada, considerando as características da doença e as condições do paciente.
Você recebeu a indicação do tratamento com radioterapia? Convido a entrar em contato para marcar um horário e conhecer meu trabalho!
Dra. Maria Thereza Starling
CRM: 186315/SP
RQE: 99118 – Radioterapia