Como Funciona o Planejamento da Radioterapia para Tumores do Sistema Nervoso?

Postado em: 12/05/2025

A Radioterapia é uma modalidade terapêutica que muitas vezes pode ser indicada no tratamento de tumores do sistema nervoso central (SNC), ou seja, tumores no cérebro ou na medula espinhal. 

Como funciona o planejamento da radioterapia para tumores do sistema nervoso

Seu objetivo é destruir ou inibir o crescimento das células tumorais, preservando ao máximo os tecidos saudáveis adjacentes. Para alcançar esse equilíbrio, um planejamento meticuloso é essencial.​

Este artigo visa esclarecer, de forma acessível, como funciona o planejamento da radioterapia para tumores do SNC, abordando cada etapa do processo e destacando a importância de uma abordagem personalizada.​

Convido você a continuar a leitura para saber mais!

Avaliação Inicial no tratamento de radioterapia para tumores do sistema nervoso

Depois que a “Radioterapia“ é indicada para o tratamento, o processo inicia-se com uma consulta detalhada com o médico Rádio-Oncologista, que revisa o histórico clínico do paciente, realiza um exame físico e analisa exames de imagem, como ressonância magnética (RM) e tomografia computadorizada (TC). 

Esses exames são cruciais para determinar a localização, tamanho e características do tumor, informações que orientarão o planejamento do tratamento.​

Simulação e imobilização

A precisão é muito importante na radioterapia, especialmente quando se trata do SNC. 

Para garantir que o paciente seja posicionado de forma consistente em cada sessão, dispositivos de imobilização personalizados são confeccionados. 

No caso de tumores cerebrais, por exemplo, utiliza-se uma máscara termoplástica moldada ao formato do rosto do paciente. 

Essa máscara mantém a cabeça na posição exata durante o tratamento, assegurando que a radiação seja direcionada corretamente.​

Após a imobilização, realiza-se uma tomografia de simulação, na qual o paciente é posicionado na mesma configuração que será utilizada durante as sessões de tratamento. 

A tomografia computadorizada, realizada nesse momento, é utilizada como a base principal para o delineamento das áreas que receberão a radiação, mas, para garantir ainda mais precisão, ela é frequentemente fundida com outras modalidades de imagem, especialmente a ressonância magnética. 

A ressonância oferece uma visualização detalhada das estruturas cerebrais e do próprio tumor, permitindo identificar com maior clareza os limites da lesão e as relações com tecidos adjacentes críticos. 

A combinação das informações anatômicas da tomografia com a riqueza de detalhes da ressonância magnética possibilita que o planejamento da radioterapia seja feito de maneira altamente personalizada, otimizando a cobertura do tumor e protegendo as áreas saudáveis ao redor, como o tronco cerebral, nervos ópticos e o hipocampo. 

Essa integração de imagens é um passo essencial para que o tratamento seja realizado com máxima eficácia e segurança.

Delineamento dos alvos de tratamento e órgãos de risco

Com as imagens da simulação, o radio-oncologista e a equipe multidisciplinar identificam e delimitam:

  • Área a ser tratada: área que contém o tumor e possíveis extensões microscópicas.​
  • Órgãos de risco: tecidos e estruturas saudáveis próximas ao tumor que devem ser preservados, como o tronco cerebral, nervos ópticos e medula espinhal.​

Inicialmente, é definido o GTV (Gross Tumor Volume), que corresponde à área visível do tumor nas imagens, representando a doença macroscópica. 

Em seguida, é delineado o CTV (Clinical Target Volume), que inclui o GTV e uma margem adicional para abranger possíveis extensões microscópicas do tumor, não visíveis nos exames de imagem, considerando os padrões de disseminação da doença. 

Para compensar movimentos do paciente, variações fisiológicas e pequenas incertezas no posicionamento diário, é estabelecido o PTV (Planning Target Volume), que adiciona margens específicas ao CTV, assegurando que a dose de radiação alcance de forma confiável toda a área planejada. 

Paralelamente, são identificados e contornados os órgãos de risco (OARs – Organs At Risk), que são estruturas saudáveis próximas ao tumor e que devem ser protegidas da radiação, como o tronco cerebral, os nervos ópticos, a medula espinhal e, dependendo da localização, o hipocampo ou outras áreas críticas do cérebro. 

Essa definição cuidadosa dos volumes e dos órgãos de risco permite que o planejamento do tratamento maximize a eficácia da radiação contra o tumor, ao mesmo tempo em que minimiza os efeitos colaterais nos tecidos normais, favorecendo melhores resultados oncológicos e preservação da qualidade de vida.

Planejamento do tratamento de radioterapia

A equipe médica elabora um plano de tratamento personalizado. Esse plano define:

  • Técnica de Radioterapia: dependendo das características do tumor, podem ser utilizadas técnicas como a Radioterapia Conformacional Tridimensional (3D-CRT), Radioterapia de Intensidade Modulada (IMRT/VMAT), Radiocirurgia (SRS) ou Radioterapia Estereotáxica Fracionada SRT). Cada técnica possui especificidades que permitem moldar os feixes de radiação ao formato do tumor, protegendo os tecidos saudáveis .
  • Dose total de radiação: quantidade total de radiação que será administrada ao longo do tratamento.
  • Fracionamento: divisão da dose total em várias sessões (frações), geralmente aplicadas diariamente durante semanas. O fracionamento permite que os tecidos saudáveis se recuperem entre as sessões, reduzindo os efeitos colaterais.​

A precisão desse planejamento é importante para maximizar a eficácia do tratamento e minimizar os riscos.​

Verificação e ajustes

Antes de iniciar o tratamento com radioterapia, são realizadas verificações para assegurar que o plano desenvolvido seja reproduzido com exatidão. 

Imagens adicionais podem ser obtidas para confirmar o posicionamento correto do paciente e a precisão na entrega da radiação. 

Se necessário, ajustes são feitos para garantir que o tratamento seja administrado conforme planejado.​

Execução do tratamento de radioterapia 

Com o planejamento concluído e cuidadosamente verificado, inicia-se a fase de tratamento. 

O paciente comparece às sessões conforme o cronograma estabelecido pela equipe, que pode variar de alguns dias a várias semanas, dependendo do tipo de tumor e da estratégia terapêutica definida.

No início de cada sessão, o paciente é posicionado na máquina de radioterapia com o auxílio de dispositivos de imobilização personalizados, como máscaras termoplásticas ou apoios corporais, que garantem que o corpo permaneça na posição exata planejada

Durante a aplicação da radiação, é fundamental que o paciente permaneça imóvel para que o feixe de radiação atinja com precisão a área-alvo, mas a respiração pode ser mantida normalmente, sem necessidade de apneia ou manobras especiais, salvo orientações específicas em casos particulares. 

As sessões de radioterapia são rápidas e indolores; a maior parte do tempo é dedicada ao posicionamento correto e à verificação das imagens de alinhamento, enquanto a liberação da radiação propriamente dita dura apenas alguns minutos. 

Embora o paciente não sinta a radiação, ele é monitorado constantemente pela equipe técnica através de sistemas de áudio e vídeo, garantindo segurança total durante todo o processo.

Monitoramento e acompanhamento

Ao longo do tratamento, o paciente é monitorado regularmente para avaliar a resposta ao tratamento e gerenciar possíveis efeitos colaterais. 

Consultas periódicas com a equipe médica permitem ajustes no plano terapêutico, se necessário, e oferecem suporte contínuo ao paciente.​

O planejamento da radioterapia para tumores do sistema nervoso central deve ser altamente personalizado, envolvendo uma equipe multidisciplinar dedicada a oferecer o tratamento mais eficaz e seguro possível. 

Cada etapa, desde a avaliação inicial até a execução do tratamento, é cuidadosamente planejada para garantir que a radiação atinja o tumor com precisão, preservando ao máximo os tecidos saudáveis e proporcionando a melhor qualidade de vida ao paciente.​

A comunicação aberta entre o paciente e a equipe médica permite esclarecer dúvidas, alinhar expectativas e assegurar que o tratamento seja conduzido de forma tranquila e confiante. 

Se você recebeu indicação para a radioterapia, agende uma consulta para nos conhecermos!

Dra. Maria Thereza Starling
CRM: 186315/SP
RQE: 99118 – Radioterapia


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