Radioterapia Pode Ser Usada como Tratamento Único para Tumores Cerebrais?
Postado em: 19/05/2025
A Radioterapia é uma modalidade terapêutica amplamente empregada no combate a diversos tipos de câncer, incluindo os tumores cerebrais.
A depender do tipo de tumor e melhor protocolo de tratamento baseado em evidências científicas, a Radioterapia pode ser usada como estratégia principal e única. Em outros casos, ela é combinada com quimioterapia ou usada após ressecções cirúrgicas.
Este artigo explica algumas situações em que essa abordagem é indicada, os benefícios associados e os cuidados durante o tratamento. Continue a leitura para saber mais!
Indicações para o uso isolado da radioterapia em tumores cerebrais
A decisão de utilizar a radioterapia como tratamento exclusivo para tumores cerebrais depende de diversos fatores, como o tipo histológico do tumor, sua localização no cérebro, o tamanho da lesão, o estado clínico do paciente e a presença de comorbidades.
Embora a cirurgia seja frequentemente o tratamento de escolha para muitos tumores do sistema nervoso central, há situações em que a radioterapia isolada se torna a abordagem mais adequada.
Entre os principais cenários em que a radioterapia pode ser indicada como tratamento primário estão certos tipos de tumores cerebrais que são altamente radiossensíveis e podem responder de maneira satisfatória à radioterapia, sem necessidade de cirurgia.
Um exemplo clássico é o linfoma primário do sistema nervoso central, que, embora frequentemente tratado com quimioterapia combinada à radioterapia, pode, em situações específicas — como em pacientes idosos ou com limitações clínicas — ser manejado apenas com radioterapia, com resultados satisfatórios de controle tumoral.
Outro tumor altamente radiossensível é o germinoma intracraniano, que acomete predominantemente adolescentes e adultos jovens e apresenta excelente resposta à radioterapia isolada, frequentemente alcançando taxas de cura superiores a 90% com doses moderadas de radiação.
Além desses, a radiocirurgia estereotáxica permite tratar isoladamente metástases cerebrais pequenas e únicas em pacientes selecionados, proporcionando controle local eficaz com mínimo impacto em tecidos saudáveis e sem necessidade de cirurgia aberta.
Meningiomas benignos de pequeno volume, localizados em áreas críticas ou de difícil acesso cirúrgico, também podem ser controlados exclusivamente com radioterapia, utilizando técnicas de alta precisão para preservar a função neurológica.
Em alguns casos de schwannomas vestibulares (também conhecidos como neurinomas do acústico), particularmente tumores pequenos ou em crescimento lento, a radioterapia isolada, especialmente na forma de radiocirurgia, é indicada para evitar a progressão tumoral e minimizar o risco de déficits auditivos ou neurológicos.
Ependimomas residuais ou recidivados, quando a cirurgia adicional não é possível ou segura, também podem ser abordados com radioterapia focada, como estratégia principal de controle. Em tumores como os pineocitomas (tumores da glândula pineal de comportamento indolente), a radioterapia pode ser uma opção curativa ou de controle local quando a cirurgia completa não é viável.
Além disso, a radioterapia é a principal escolha em casos de tumores localizados em áreas cirurgicamente inacessíveis, como o tronco cerebral ou regiões profundas do cérebro, onde a remoção completa seria tecnicamente inviável ou acarretaria riscos elevados de déficits neurológicos.
Nesses casos, a radioterapia — especialmente em modalidades de alta precisão, como a radiocirurgia estereotáxica — permite o controle tumoral de forma não invasiva.
Pacientes com condições clínicas que contraindicam procedimentos cirúrgicos, como doenças cardíacas graves, insuficiência respiratória ou idade avançada, também podem se beneficiar da radioterapia como tratamento principal.
A escolha por essa abordagem é feita com base na análise cuidadosa dos riscos e benefícios para a segurança do paciente.
É importante entender com a equipe médica se a radioterapia é realmente o tratamento mais adequado no lugar da cirurgia, ou se existem outras abordagens que podem ser utilizadas isoladamente ou em conjunto com o tratamento radioterápico, dependendo das particularidades de cada paciente e cada tumor.
Benefícios da radioterapia como tratamento único
A utilização isolada da radioterapia em tumores cerebrais pode oferecer diferentes benefícios quando indicada adequadamente, como:
- Abordagem não invasiva: diferentemente da cirurgia, a radioterapia não requer incisões, reduzindo riscos de infecção e tempo de recuperação.
- Preservação de funções neurológicas: ao evitar manipulações cirúrgicas em áreas sensíveis do cérebro, reduz-se o risco de déficits neurológicos pós-tratamento.
- Tratamento ambulatorial: muitas sessões de radioterapia são realizadas em regime ambulatorial, permitindo que o paciente retorne para casa no mesmo dia.
- Controle do tumor: em tumores radiossensíveis, a radioterapia pode proporcionar controle significativo do crescimento tumoral e, em alguns casos, redução do volume da lesão.
Cuidados importantes durante o tratamento radioterápico
É fundamental que os pacientes estejam cientes dos cuidados necessários durante o tratamento.
Isso pode variar de caso para caso, mas cuidados comuns incluem:
- Monitoramento dos efeitos colaterais: efeitos como fadiga, cefaleia e alterações cutâneas na área irradiada podem ocorrer. Relatar esses sintomas à equipe médica permite intervenções precoces para alívio.
- Manutenção da hidratação e nutrição adequadas: uma alimentação balanceada e ingestão adequada de líquidos auxiliam na tolerância ao tratamento e recuperação dos tecidos.
- Acompanhamento psicológico: o suporte emocional é crucial para lidar com o estresse e a ansiedade que podem surgir durante o tratamento.
- Adesão às consultas de seguimento: consultas regulares permitem avaliar a resposta ao tratamento e identificar precocemente possíveis recidivas ou efeitos tardios.
A radioterapia pode ser indicada como tratamento único para tumores cerebrais de acordo com as particularidades de cada caso, representa uma alternativa valiosa em situações específicas. A decisão por essa abordagem deve ser baseada em uma avaliação criteriosa das características do tumor e das condições do paciente, sempre em conjunto com uma equipe médica especializada. O acompanhamento contínuo e a comunicação aberta com os profissionais de saúde são essenciais.
Para conversar sobre o meu trabalho como radioterapeuta, convido você a agendar uma consulta!
Dra. Maria Thereza Starling
CRM: 186315/SP
RQE: 99118 – Radioterapia